Marina Silva confirma roteiro global para eliminar desmatamento e dependência de fósseis

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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a construção de um roteiro internacional para pôr fim ao desmatamento e à dependência de combustíveis fósseis seguirá em curso, mesmo sem constar no documento final da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

Brasil lidera processo climático até 2026

De acordo com a ministra, o Brasil permanece na presidência do processo multilateral de negociação climática até dezembro de 2026, apoiado por 82 países, representantes da sociedade civil e da comunidade científica. Nesse período, a coordenação brasileira pretende facilitar a elaboração de “mapas do caminho” nacionais, permitindo que cada país defina, de forma autodeterminada, metas e prazos para:

• reduzir gradualmente o uso de petróleo, gás e carvão;
• alcançar desmatamento zero em escala global.

“Vamos viabilizar as bases para que cada nação planeje sua transição energética e florestal”, declarou Marina Silva em entrevista ao CanalGov.

Compromissos internos já em andamento

No plano doméstico, o governo brasileiro mantém políticas iniciadas em 2003 para zerar o desmatamento e ampliar a participação de fontes renováveis na matriz energética, atualmente composta por 45% de energia limpa. Segundo a ministra, a substituição de combustíveis fósseis ocorrerá de forma “justa, planejada e gradativa”, priorizando geração de emprego e inclusão social.

Resultados da COP30

Apesar das dificuldades políticas que marcaram a conferência, Marina Silva apontou avanços relevantes, como:

• criação de indicadores de adaptação climática;
• recomendação de triplicar os recursos destinados à adaptação de países em desenvolvimento;
• reconhecimento formal de povos tradicionais como agentes de ação climática;
• adoção de diretrizes específicas para proteção de crianças;
• ampliação da participação de mulheres nos processos decisórios.

A ministra destacou o contexto geopolítico adverso, mencionando a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, e classificou as conquistas como “muito positivas” diante dos impasses que costumam travar negociações multilaterais.

Participação social recorde

A COP30, realizada em Belém, reuniu mais de 300 mil visitantes na Zona Verde e registrou participação inédita de organizações civis na Zona Azul, área tradicionalmente restrita a delegações oficiais. Iniciativas como Círculos dos Povos, o encontro de ministros de Finanças e o Balanço Ético Global facilitaram o diálogo entre governos, academia, setor privado e movimentos sociais.

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Para Marina Silva, o engajamento coletivo “fez diferença” após quatro conferências sediadas em países com baixa abertura à sociedade. Ela avaliou que a presença de pesquisadores, empresários e representantes de comunidades tradicionais elevou a qualidade dos debates e reforçou a legitimidade das decisões.

Oportunidades de investimento verde

A ministra defendeu que o Brasil se prepare para atrair investimentos voltados à economia de baixo carbono. Na visão dela, o mercado global tende a penalizar modelos baseados em exploração intensiva de recursos hídricos, florestas e biodiversidade. “Não é mais a lógica de transformar natureza em dinheiro, mas a de usar o capital já acumulado para financiar energia solar, eólica, biomassa e tecnologia agrícola que eleve a produtividade sem ampliar a fronteira florestal”, declarou.

Marina Silva argumentou que a “urgência climática” pode se transformar em vetor de um novo modelo de desenvolvimento, capaz de combinar crescimento econômico e preservação ambiental. O desafio, segundo ela, recai sobre governos, empresas e instituições financeiras, responsáveis por estabelecer padrões compatíveis com as metas do Acordo de Paris e os limites planetários.

Próximos passos

Com a presidência brasileira à frente das negociações até 2026, o cronograma imediato inclui:

• detalhar diretrizes técnicas para os roteiros nacionais de descarbonização e desmatamento zero;
• mobilizar financiamento internacional para projetos de adaptação e mitigação;
• acompanhar a implementação das recomendações aprovadas na COP30;
• garantir transparência e participação pública nos fóruns preparatórios das próximas cúpulas.

A pasta do Meio Ambiente pretende ainda dialogar com governos subnacionais, setor privado e comunidades locais para integrar metas climáticas a políticas de desenvolvimento regional, infraestrutura e inovação.

Com essa agenda, o Brasil busca consolidar a liderança diplomática conquistada em Belém, enquanto fortalece ações internas voltadas a florestas, transição energética e economia verde.

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