Trabalhador de 46 anos morre eletrocutado em obra do metrô de Belo Horizonte

Belo Horizonte — Um funcionário terceirizado que participava da revitalização da estação Santa Inês, na Linha 1 do Metrô de Belo Horizonte, morreu na madrugada de sábado (data não informada) após receber uma descarga elétrica dentro de uma subestação operacional.

Dinâmica do acidente

De acordo com relatório policial, Raimundo Ferreira do Nascimento Junior, 46 anos, fazia a substituição de cabos na subestação A, localizada no bairro Santa Inês, quando a energia foi religada inesperadamente às 3h54. O procedimento de segurança determinava o desligamento total da alimentação elétrica à meia-noite, medida que vinha sendo observada pela equipa de sete trabalhadores encarregada da intervenção.

No momento da reenergização, Nascimento Junior sofreu um choque de alta tensão, caiu inconsciente e não respondeu às manobras de reanimação iniciadas pelos próprios colegas. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado pouco depois e confirmou o óbito no local.

Repercussão e investigações

Todos os trabalhadores presentes eram contratados por uma empresa terceirizada cuja identidade não foi divulgada. Em nota, a concessionária MetrôBH, responsável pela operação do sistema desde 2023, informou ter aberto um procedimento interno para apurar as circunstâncias da falha e declarou colaborar com as autoridades policiais e trabalhistas.

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou inquérito e aguarda a conclusão de perícias técnicas para determinar a causa exata da morte e possíveis responsabilidades criminais. Os laudos vão analisar circuitos, dispositivos de bloqueio, protocolos de sinalização e registros de comando da subestação.

O Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindmetro-MG) lamentou o ocorrido e cobrou melhores condições de trabalho. Segundo a entidade, os profissionais que atuam na ampliação da Linha 1 e na futura Linha 2 estariam sob “pressão constante” para cumprir cronogramas acelerados.

Normas de segurança em análise

Procedimentos de bloqueio e etiquetagem — prática que impede o religamento acidental de circuitos durante manutenção — estão entre os pontos verificados pela fiscalização. A subestação A, onde ocorreu o choque, fornece energia para sistemas de tração, sinalização e iluminação da estação Santa Inês. Qualquer falha no isolamento elétrico pode criar risco imediato para equipas em serviço.

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Imagem: Internet

A concessionária afirma ter interrompido todas as atividades no setor afetado até a conclusão das análises. Auditores do Ministério do Trabalho foram notificados e devem avaliar se normas regulamentadoras, como a NR-10 (segurança em instalações elétricas) e a NR-18 (condições e meio ambiente de trabalho na construção), estavam em vigor na data do incidente.

Histórico e próximos passos

A revitalização da estação Santa Inês integra o programa de modernização da Linha 1, inaugurada em 1986 e atualmente em processo de expansão. O contrato de concessão prevê a entrega de melhorias estruturais nas 19 estações existentes, além da construção de ramais adicionais.

Até a conclusão dos laudos, o corpo de Raimundo Ferreira do Nascimento Junior deverá ser submetido a exames complementares no Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte. Familiares serão ouvidos pela polícia, assim como supervisores, eletricistas responsáveis pelo seccionamento da subestação e representantes da terceirizada.

Não há, por enquanto, previsão oficial para a retomada das obras na área isolada. O restante da operação do Metrô de Belo Horizonte segue funcionando normalmente, segundo a concessionária.

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