Uma ação coordenada na Argentina interrompeu o funcionamento de 22 serviços de streaming e TV pirata, entre eles a BTV, Red Play, Blue TV e Cine Duo, plataformas populares entre utilizadores brasileiros. Os bloqueios ocorreram entre a noite de sábado e a manhã de domingo, por determinação da Procuradoria Federal de Crimes Cibernéticos de San Isidro, na província de Buenos Aires.
Alcance da operação e serviços afetados
De acordo com a Alianza, entidade latino-americana que reúne players da indústria audiovisual contra a pirataria, a ofensiva resultou na retirada de:
ALA TV, Blue TV, Boto TV, Break TV, BTV App, BTV Live, Duna TV, Football Zone, Hot, Mega TV, MIX, NOSSA TV, ONPix, PLUSTV, Pulse TV, Red Box, RedPlay Live, Super TV Premium, Venga TV, Waka TV, WEIV e WeivTV – Nova.
Estima-se que mais de dois milhões de assinantes tenham perdido acesso imediato aos conteúdos ilegais, embora o processo judicial aponte falta de dados precisos sobre nacionalidades. Segundo Jorge Bacaloni, presidente da Alianza, BTV e Red Play tinham pelo menos 75 % da base de utilizadores no Brasil.
Segunda onda de bloqueios com impacto regional
Esta é a segunda grande investida contra o chamado “gatonet” proveniente da Argentina. A primeira fase, no fim de agosto, encontrou o hub de operações responsável por distribuir sinais de TV por assinatura e plataformas de streaming sem autorização para vários países. Uma etapa seguinte, no início de novembro, tirou do ar aplicações como My Family Cinema, Cinefly e Eppi Cinema.
Com a nova ação, a lista de serviços desligados chega a 22 e afeta um ecossistema que, segundo a investigação, já registrou 6,2 milhões de assinantes mundiais. Destes, 4,6 milhões seriam brasileiros. A Alianza estima que o grupo movimentava entre 150 e 200 milhões de dólares por ano.
Repercussão entre utilizadores brasileiros
Logo após o bloqueio, redes sociais e plataformas de reclamação, como o Reclame Aqui, passaram a receber relatos sobre falhas de acesso. Mensagens de erro com o código 503, que indica indisponibilidade de servidor, tornaram-se frequentes em dispositivos da marca BTV e em apps dependentes da mesma infraestrutura.
Comentários publicados no X (antigo Twitter) mostram consumidores à procura de informações sobre a retomada do serviço. Alguns utilizadores chegaram a acionar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com queixas, acreditando tratar-se de um serviço regular.
Imagem: Tecnologia & Inovação
Estrutura internacional da rede pirata
Investigações anteriores revelaram que a operação mantinha escritório comercial em Buenos Aires, responsável por marketing e vendas, enquanto administração, finanças e tecnologia ficavam na China. A ofensiva contou com apoio da liga espanhola de futebol, La Liga, interessada em coibir transmissões não autorizadas das competições que organiza.
Como funcionam as TV boxes piratas
Dispositivos conhecidos como TV box pirata costumam utilizar uma versão modificada do Android para hospedar apps que ofertam canais de TV por assinatura, filmes e séries sob demanda. Em geral, o acesso é vendido com planos mensais, semestrais ou anuais. Embora exista cobrança, o serviço carece de licenças de conteúdo e, portanto, é ilegal.
Muitos modelos não têm homologação da Anatel. O processo de certificação exige testes de segurança e compatibilidade eletromagnética, ausentes nas versões clandestinas. A agência mantém em seu portal a lista de equipamentos aprovados para uso no país.
Possível retorno e desafios de fiscalização
Apesar do bloqueio atual, especialistas observam que grupos dessa natureza costumam restabelecer os serviços redirecionando tráfego para novos servidores ou lançando atualizações remotas das aplicações. A dinâmica cria um jogo constante entre autoridades e operadores ilegais, prolongando o ciclo de oferta e bloqueio.
No momento, não há previsão oficial para reativação de BTV ou das demais plataformas afetadas. A Procuradoria argentina prossegue com o processo judicial, que pode resultar em novas ações de bloqueio e confisco de equipamentos.
Enquanto isso, os utilizadores impactados permanecem sem acesso aos conteúdos piratas, reforçando a orientação de órgãos reguladores para que consumidores verifiquem a regularidade de serviços e dispositivos antes da aquisição.





