O sinal 5G alcança hoje 64 % da população brasileira, quatro anos após os leilões de radiofrequências realizados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O indicador, medido no fim de novembro, supera a meta fixada para 2027, que previa cobertura para 57 % dos habitantes.
Cobertura avança em mais de 2 mil municípios
Segundo a Anatel, o 5G já está disponível em mais de 2 000 municípios. A expansão foi impulsionada por obrigações de investimento impostas no edital do leilão de 2021, no qual as empresas trocaram parte do pagamento em dinheiro pela construção de infraestrutura. O presidente da agência, Carlos Baigorri, afirma que o modelo “não arrecadatório” permitiu “obrigações muito agressivas” de implantação.
A liberação antecipada da faixa de 3,5 GHz, antes usada pela TV via satélite, também acelerou a instalação do 5G standalone, versão que oferece velocidades mais altas e menor latência. A competitividade entre operadoras Vivo, Claro e TIM contribuiu para a corrida de cobertura, reforçada por rankings internacionais que apontam as três empresas entre as líderes globais em velocidade de download.
Aparelhos compatíveis ainda são minoria
Apesar da rede disponível, apenas 20 % das linhas móveis utilizam o 5G. São 55,1 milhões de acessos em um universo de 270,1 milhões, conforme dados da Anatel. A maioria dos consumidores continua a comprar dispositivos limitados ao 4G, principalmente devido ao preço menor dos modelos sem a nova tecnologia.
Baigorri destaca que o tema vem sendo discutido com o Ministério das Comunicações para buscar mecanismos de redução de custos dos aparelhos 5G. Enquanto isso, a base de telefones no país segue heterogénea, com dispositivos 2G, 3G, 4G e 5G em uso simultâneo.
Entrada de operadoras regionais e redes privadas
O leilão de 2021 reservou lotes regionais, permitindo a entrada de provedores como Brisanet, Unifique e Copel Telecom no mercado móvel. Para facilitar a operação dessas empresas, a Anatel determinou que as grandes operadoras compartilhem suas torres até 2030, período considerado suficiente para a consolidação da infraestrutura própria dos novos entrantes.
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A diversidade de aplicações também impulsiona a demanda pelo 5G. No agronegócio, a tecnologia viabiliza monitoramento de lavouras e automação de máquinas. Na indústria, redes privativas oferecem comunicação de baixa latência para processos críticos. De acordo com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), esses usos corporativos reforçam a expansão do sinal em áreas fora dos grandes centros.
Implementação entre as mais rápidas do mundo
O Ministério das Comunicações classifica o ritmo de implantação brasileiro como um dos mais acelerados globalmente. A operação comercial começou em 2022, três anos após a Coreia do Sul, primeira na adoção mundial. Para o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, o avanço decorre de política pública focada em desenvolvimento económico e de um ambiente atrativo para investimentos em economia digital.
Ainda assim, o desafio permanece no lado do consumidor. Enquanto o preço de entrada dos smartphones compatíveis não recua, a maior parte da rede recém-instalada opera abaixo da capacidade. O equilíbrio entre oferta de infraestrutura e adoção de aparelhos será crucial para que o 5G alcance o potencial de dez vezes mais velocidade que o 4G.





