Brasília, 2 de dezembro de 2025 — Profissionais que ocupam posições de chefia em companhias de diferentes setores reuniram-se na capital federal para discutir ações de combate à desigualdade de género e raça no ambiente corporativo. O encontro integrou o seminário da 7.ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, iniciativa do Ministério das Mulheres que certifica organizações comprometidas com políticas inclusivas.
Relatos evidenciam barreiras e aprendizados na carreira
Alessandra Souza, vice-presidente de Marketing e Comunicação de uma montadora multinacional, contou que enfrentou pressão para adotar postura considerada “masculina” no início da trajetória. Segundo a executiva, o avanço real ocorreu quando passou a gerir equipas diversas sem abdicar da própria identidade. “Quando deixei de tentar encaixar-me em padrões, os resultados melhoraram para mim e para a empresa”, afirmou.
Para Ana Paula Repezza, diretora de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), conciliar maternidade e liderança agregou competências essenciais. De acordo com a gestora, a experiência de retornar ao trabalho após a licença ampliou a capacidade de delegar, priorizar tarefas e reconhecer o valor de outras mulheres na organização.
Programa público certifica empresas empenhadas em igualdade
O Pró-Equidade de Gênero e Raça apoia práticas de gestão que visam eliminar discriminação salarial, promover diversidade e garantir oportunidades equilibradas. Desde a criação, 246 entidades aderiram, nove delas presentes em todas as sete fases. A atual edição reúne 88 empresas distribuídas pelas cinco regiões do país.
Glenda Nóbrega, gerente executiva de Diversidade e Inclusão da Caixa Econômica Federal — uma das participantes desde o início —, destacou três fatores para o avanço na carreira: pessoas que impulsionam, preparação constante e ambiente favorável. “Quando a instituição cria condições, indivíduos de grupos sub-representados conseguem mostrar competência e ocupar espaços”, observou.
Dados recentes expõem diferença salarial persistente
Informações do 4.º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado em novembro pelo Ministério do Trabalho e Emprego, indicam que mulheres recebem, em média, 21,2 % menos que homens nas 54.041 empresas avaliadas. Enquanto a remuneração média feminina atinge R$ 3.908,76, a masculina é de R$ 4.958,43.
Tereza Cristina de Oliveira, diretora de Administração da Embrapa Tabuleiros Costeiros, considera a política pública um instrumento para reduzir números como esses. “Ao transformar o ambiente interno, influenciamos a sociedade. Mas é preciso que quem já chegou aos cargos de decisão abra caminho para outras pessoas”, defendeu.
Seminário define rumos e amplia rede de apoio
O encontro em Brasília reuniu líderes para trocar experiências, avaliar resultados alcançados e delinear novas estratégias. Entre os temas debatidos estiveram métodos para medir progresso, treinamento de gestores, metas de contratação inclusiva e transparência nas promoções.
Imagem: Últimas Notícias
Representantes do Ministério das Mulheres reforçaram que o selo concedido às empresas não é ponto final, mas passo contínuo de monitorização. As organizações devem apresentar relatórios periódicos, comprovar avanços e manter diálogo com trabalhadores para evitar retrocessos.
Próximos passos para empresas e lideranças
Especialistas presentes indicaram ações prioritárias:
• revisão de processos de recrutamento a fim de evitar vieses implícitos;
• análise regular das faixas salariais para corrigir disparidades;
• programas de mentoria que conectem líderes experientes a talentos de grupos sub-representados;
• licença parental igualitária, estimulando corresponsabilidade;
• indicadores públicos de diversidade integrados às metas corporativas.
Para as profissionais que almejam progredir, as participantes recomendaram formação contínua, rede de apoio e busca por ambientes alinhados a valores inclusivos. “Equidade não se constrói apenas com boa intenção; exige método, metas e responsabilização”, sintetizou Alessandra Souza.
O Programa Pró-Equidade permanece com inscrições abertas para novas organizações interessadas em integrar a próxima fase. A expectativa do Ministério das Mulheres é ampliar a adesão e acelerar a redução das diferenças apontadas nos relatórios oficiais.





