OSIRIS-APEX, sonda da NASA concebida para investigar o asteroide Apophis, passou pela Terra em 23 de setembro e capturou uma série de imagens enquanto aproveitava a gravidade do planeta para corrigir sua trajetória. O ponto de maior aproximação ocorreu a 3.438 km da superfície, distância inferior à órbita de satélites geoestacionários.
Flyby a baixa altitude calibra instrumentos
Durante a manobra, a equipe da missão utilizou a câmera de monitoramento StowCam para registrar 424 fotografias em sequência. O material, posteriormente reunido num vídeo divulgado pela agência espacial, mostra o deck de instrumentos da nave em primeiro plano e a Terra ao fundo, com destaque para o Oceano Atlântico e parte da América do Sul.
Segundo a NASA, as imagens servem simultaneamente para fins científicos e de verificação técnica. Ao “olhar para casa”, a OSIRIS-APEX permite que engenheiros calibrem sensores de cor, luminosidade e navegação, garantindo que os equipamentos funcionarão de forma confiável quando a nave se aproximar do seu alvo principal.
A aproximação controlada também aproveitou o impulso gravitacional da Terra. Esse tipo de manobra, conhecido como gravity assist, altera a velocidade e o ângulo de viagem da sonda sem gastar combustível adicional, prolongando a vida útil da missão e reduzindo custos.
Missão foca no encontro com Apophis em 2029
O objetivo central da OSIRIS-APEX é examinar o asteroide Apophis, que fará uma passagem incomumente próxima da Terra em 13 de abril de 2029. A previsão é que o objeto alcance cerca de 32.000 km de distância — menor do que a órbita de vários satélites de comunicação. Durante o sobrevoo, o asteroide deverá ser visível a olho nu em partes do Hemisfério Oriental.
Descoberto em 2004, Apophis recebeu atenção especial de astrônomos por ter sido inicialmente classificado como um dos potenciais riscos de impacto mais elevados. Estudos subsequentes descartaram a possibilidade de colisão nas próximas décadas, mas a proximidade prevista oferece oportunidade única para observações detalhadas. O nome do corpo celeste refere-se a uma divindade que simboliza caos e escuridão na mitologia egípcia.
Com a nova designação OSIRIS-APEX — sigla para OSIRIS-Apophis Explorer — a nave reutiliza parte da plataforma que coletou amostras do asteroide Bennu na missão OSIRIS-REx. Após entregar o material de Bennu à Terra, a sonda recebeu autorização para um segundo capítulo de exploração, agora voltado ao estudo da forma, composição e propriedades de Apophis.
O que virá a seguir
Após completar o sobrevoo terrestre, a sonda entrou numa trajetória heliocêntrica que a conduzirá ao encontro do asteroide em 2029. Até lá, os controladores executarão correções de curso periódicas e continuarão testando instrumentos, incluindo espectrômetros e câmeras de alta resolução. Esses sistemas deverão mapear a superfície de Apophis e analisar a sua composição mineralógica.
Imagem: Tecnologia & Inovação
A aproximação prolongada permitirá observar mudanças na rotação, variações térmicas e possíveis efeitos gravitacionais provocados pela passagem próxima à Terra. Com esses dados, os cientistas esperam aprimorar modelos de dinâmica de asteroides e refinar métodos de defesa planetária.
Embora o risco de impacto de Apophis tenha sido descartado, a coleta de informações detalhadas sobre um objeto de quase 370 m de diâmetro oferece referência valiosa para futuras missões de desvio ou mitigação de ameaças reais. Além disso, o estudo da superfície e do interior do asteroide poderá revelar pistas sobre a formação do Sistema Solar.
Importância das imagens divulgadas
As fotografias obtidas durante o flyby demonstram a capacidade da OSIRIS-APEX de operar seus sistemas ópticos em ambiente controlado, fator decisivo para o sucesso da fase científica próxima a Apophis. Para o público leigo, o vídeo divulgado pela NASA proporciona um vislumbre impressionante do planeta a partir de uma distância comparável ao diâmetro de certos satélites de órbita alta.
Ao reunir calibração técnica e divulgação científica, a agência reforça a relevância de missões reutilizáveis que maximizam retorno científico com recursos já disponíveis. O reaproveitamento da plataforma OSIRIS-REx exemplifica essa abordagem, reduzindo o tempo de desenvolvimento e o custo de novas sondas interplanetárias.
Com a trajetória ajustada, a OSIRIS-APEX segue agora numa jornada de cinco anos até o encontro com Apophis, carregando a expectativa de ampliar o conhecimento sobre asteroides próximos à Terra e contribuir para estratégias de proteção planetária.





