O Mercado Livre concluiu a precificação de uma emissão de dívida no valor de 750 milhões de dólares, com vencimento em 2033 e cupom anual de 4,9%. A operação, comunicada nesta quinta-feira (4), marca a primeira emissão de títulos da companhia desde que recebeu classificação de grau de investimento por duas grandes agências de rating.
Detalhes da emissão
Os papéis emitidos são notas seniores sem garantia, estrutura que oferece prioridade de pagamento aos detentores em caso de eventuais processos de reestruturação. A coordenação do lançamento ficou a cargo de Citi, Goldman Sachs e JPMorgan, bancos responsáveis por estruturar a oferta, captar investidores institucionais e determinar as condições finais da colocação.
De acordo com o comunicado, os recursos obtidos serão direcionados a “fins corporativos gerais”, abrangendo reforço de capital de giro, amortização de passivos existentes e expansão da liquidez. A empresa não especificou um destino exato, mas destacou que a captação amplia a flexibilidade financeira para sustentar investimentos em logística, tecnologia e serviços financeiros, áreas estratégicas do grupo.
Relevância do grau de investimento
A operação ocorre poucos meses depois de o Mercado Livre conquistar o grau de investimento em duas agências de classificação de risco. Em julho, a Standard & Poor’s elevou a avaliação de crédito global da companhia, e, em outubro, a Fitch tomou decisão semelhante. Esses upgrades costumam ampliar o universo de investidores aptos a comprar títulos da empresa, reduzir custos de captação e reforçar a percepção de solvência de longo prazo.
Na Moody’s, o emissor permanece um nível abaixo da categoria de investimento. Contudo, a agência colocou a nota em revisão para possível elevação no mês passado, sinalizando que um terceiro upgrade pode ocorrer caso o desempenho operacional e a gestão de alavancagem se mantenham favoráveis.
Condições financeiras e prazo
Os 10 anos de duração da nova dívida permitem alongar o perfil de pagamentos do Mercado Livre, que consolida receitas em diversos mercados latino-americanos, especialmente Brasil, Argentina e México. O cupom de 4,9% reflete o custo anual que a companhia assumirá para remunerar os detentores dos títulos até o resgate em 2033, quando o principal deverá ser devolvido integralmente.
Para investidores institucionais, a taxa oferecida incorpora a avaliação de risco soberano da região, as perspectivas de crescimento do comércio eletrónico e a performance histórica do grupo em rentabilidade e geração de caixa. Mesmo sem divulgar o volume de demanda, a empresa indicou que a colocação transcorreu dentro das expectativas e que o montante foi integralmente subscrito no mercado internacional.
Imagem: Tecnologia e Inovação
Estratégia de financiamento
O Mercado Livre mantém uma combinação de fontes de financiamento que inclui capital próprio, linhas bancárias e emissões de mercado. Ao optar por títulos seniores, a companhia diversifica prazos e moedas de captação, mitigando riscos cambiais e ajustando o cronograma de vencimentos ao ciclo de investimentos previsto.
Nos últimos anos, a empresa direcionou grandes investimentos para aprimorar centros de distribuição, ampliar frota logística e fortalecer sua fintech Mercado Pago. A melhoria da avaliação de crédito e o acesso a custos mais competitivos podem acelerar novos projetos de infraestrutura, bloquear oscilações cambiais e sustentar a expansão de serviços financeiros na região.
Próximos passos
Com a emissão concluída, a companhia passa a monitorar oportunidades adicionais de mercado, mantendo foco em manter indicadores de alavancagem dentro de limites compatíveis com o grau de investimento. A eventual elevação de rating pela Moody’s também poderá abrir espaço para novas captações ou refinanciamentos em melhores condições.
A gestão financeira segue condicionada aos desafios macroeconómicos da América Latina, incluindo inflação, variação cambial e ambiente regulatório. Ainda assim, ao alongar dívida e assegurar maior liquidez, o Mercado Livre reforça a capacidade de financiar projetos de longo prazo e sustentar a competitividade no comércio eletrónico e em serviços de pagamento.





