Operação resgata idoso de 81 anos submetido a trabalho degradante na Bahia

Um idoso de 81 anos foi resgatado esta semana em um sítio localizado no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. A ação ocorreu depois que a Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso (DEATI) identificou que a vítima permanecia em condições degradantes, sem acesso adequado a alimentação, cuidados de saúde ou liberdade de deslocamento. O responsável pelo imóvel retinha o benefício previdenciário do trabalhador, que atuava como caseiro no local.

Investigação aponta violações múltiplas

De acordo com a Polícia Civil da Bahia, o idoso vivia em situação de extremo abandono, com riscos concretos à saúde, à segurança e à dignidade. Os investigadores relataram sinais de restrição de movimento, ausência de salário e retenção de documentos. Esses indícios configuram, em tese, crimes como redução à condição análoga à de escravo, apropriação de proventos e abandono de pessoa vulnerável, todos previstos no Código Penal.

Apesar da gravidade dos fatos, nenhum suspeito foi preso no momento do resgate. A corporação informou que prosseguirá com a colheita de depoimentos, perícias e análise de documentos para esclarecer a participação de cada envolvido. O inquérito deve indicar eventuais agravantes, como o tempo de exploração, a retenção de rendimentos e as condições de moradia oferecidas à vítima.

Operação Legado Vivo foca em crimes contra idosos

O resgate integra a Operação Legado Vivo, iniciativa estadual criada para combater delitos praticados contra pessoas idosas na Bahia. A mobilização reúne unidades especializadas, entre elas o Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis, que presta apoio logístico e técnico às equipes em campo. Segundo a delegada responsável pela investigação, o objetivo é identificar padrões de violência, mapear locais de risco e acelerar as respostas policiais sempre que há relato de abusos.

Nesse caso, denúncias anônimas motivaram a abertura do procedimento investigativo. Agentes visitaram o sítio, confirmaram a situação precária e providenciaram o encaminhamento da vítima aos serviços municipais de assistência social e saúde. O idoso encontra-se agora em local seguro, onde recebe avaliação médica, suporte psicológico e orientação jurídica.

Encaminhamento pós-resgate e próximo passos legais

Após a retirada do ambiente de trabalho, o homem foi levado a uma unidade de referência em Salvador para realizar exames clínicos e atualizar a carteira de vacinação. A Secretaria de Assistência Social de Simões Filho assumiu a responsabilidade pelo acolhimento emergencial e pela regularização do cadastro junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a fim de restabelecer o pagamento do benefício retido.

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Imagem: Internet

O Ministério Público Estadual acompanha o caso e pode oferecer denúncia contra os envolvidos, caso as provas confirmem os crimes investigados. Entre as penalidades previstas estão reclusão de dois a oito anos para abandono de vulnerável e até oito anos para redução a condição análoga à de escravo, com possibilidade de aumento da pena se a vítima possuir deficiência ou idade avançada.

Como denunciar trabalho análogo à escravidão

Trabalhadores, vizinhos ou familiares podem registrar ocorrências de exploração laboral por meio do Sistema Ipê, plataforma online do Ministério do Trabalho. O canal Disque 100 (WhatsApp 61 99611-0100) também funciona ininterruptamente e garante anonimato ao denunciante. Outras alternativas incluem acionar o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Federal ou sindicatos da categoria profissional correspondente.

As autoridades reforçam que a denúncia é fundamental para interromper ciclos de violência e resgatar pessoas em situação de vulnerabilidade. Na Bahia, a Polícia Civil mantém linha direta para relatos específicos sobre crimes contra idosos, disponível em delegacias especializadas e na Ouvidoria do órgão.

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