O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou neste sábado, 6 de dezembro, do projeto Sangue Corinthiano na Neo Química Arena, em São Paulo. A presença marcou simultaneamente uma mobilização pela doação voluntária de sangue e o começo da imunização de gestantes contra o vírus sincicial respiratório (VSR) no estado.
Campanha Sangue Corinthiano incentiva solidariedade
Realizada pelo Sport Club Corinthians Paulista, a iniciativa reúne torcedores e profissionais da saúde para ampliar o estoque dos hemocentros paulistas. Padilha compareceu pela terceira vez ao evento — duas anteriores como médico infectologista e ministro — reiterando a doação de sangue como ato permanente de solidariedade e componente essencial da política pública de saúde.
Durante a ação, o ministro doou sangue, conversou com voluntários e destacou a importância de manter os estoques abastecidos, especialmente em períodos de alta demanda hospitalar. Segundo o Ministério da Saúde, o gesto busca reforçar a cultura da doação regular e gratuita, fundamental para cirurgias, transplantes e tratamento de doenças crônicas.
Vacinação de gestantes contra o VSR começa em São Paulo
Além de incentivar a doação, Padilha anunciou o início da aplicação da nova vacina contra o VSR em gestantes a partir da 28ª semana de gravidez. O imunizante previne bronquiolite e pneumonias em recém-nascidos, enfermidades responsáveis por altos índices de hospitalização infantil.
Do primeiro lote nacional, composto por 673 mil doses, 134,5 mil foram destinadas ao estado de São Paulo, das quais 34 mil chegaram à capital. A campanha prevê, inicialmente, a distribuição de 1,8 milhão de doses em todo o país, com investimento federal de R$ 1,17 bilhão.
A vacinação no Sistema Único de Saúde (SUS) não terá custo para as gestantes, ao contrário da rede privada, onde o preço pode chegar a R$ 1,5 mil. De acordo com Padilha, a oferta gratuita foi viabilizada por parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório fabricante, que inclui transferência de tecnologia para produção futura no Brasil. “Vamos fortalecer a autonomia nacional e garantir acesso equitativo”, afirmou.
Impacto do VSR na saúde infantil
O vírus sincicial respiratório responde por cerca de 75% dos casos de bronquiolite e 40% das pneumonias em crianças menores de dois anos. Dados do Ministério da Saúde indicam que, até 15 de novembro de 2025, o país registrou 43,1 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados ao VSR. Desse total, 82,5% envolveram hospitalizações de menores de dois anos, o equivalente a 35,5 mil internações.
Por se tratar de infecção viral, não existe tratamento específico para a bronquiolite. O manejo clínico inclui suporte respiratório, hidratação e, quando necessário, broncodilatadores. A nova vacina oferece proteção passiva imediata ao recém-nascido, reduzindo a probabilidade de complicações graves no período mais crítico da vida.
Imagem: Últimas Notícias
Diretrizes para a imunização
O grupo prioritário engloba todas as gestantes a partir da 28ª semana, independentemente da idade. A recomendação é de dose única em cada gravidez. O Ministério da Saúde orienta as Unidades Básicas de Saúde a aproveitar a visita das gestantes para atualizar também as vacinas contra influenza e covid-19, que podem ser aplicadas no mesmo dia.
Evidências de eficácia vêm do Estudo Matisse, ensaio clínico que mostrou 81,8% de redução de doenças respiratórias graves causadas pelo VSR nos primeiros 90 dias de vida dos bebês.
Próximos passos do programa
Com a distribuição inicial concluída, o Ministério pretende avaliar a adesão das gestantes e o impacto na redução de internações pediátricas. A produção nacional prevista pelo acordo de transferência de tecnologia deverá aumentar a oferta de doses nas próximas campanhas, ampliando a cobertura para outras regiões e, futuramente, para faixas etárias adicionais, caso a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) aprove novas indicações.
No evento deste sábado, Padilha ressaltou que o SUS “é o maior sistema público de saúde do mundo” e reforçou a meta de “garantir que cada mãe tenha acesso gratuito à melhor proteção disponível para o seu filho”.
Enquanto a vacinação avançará nas próximas semanas, as autoridades de saúde seguem recomendando medidas preventivas, como aleitamento materno, higienização das mãos e evitar exposição de recém-nascidos a ambientes fechados e aglomerados durante a temporada de circulação intensa do VSR.





