Enchentes em Sumatra já matam 916 e deixam centenas desaparecidos

As fortes chuvas associadas a ciclones nas últimas semanas provocaram uma onda de enchentes e deslizamentos de terra em três províncias da Ilha de Sumatra, na Indonésia, elevando o número de mortos para 916 até este sábado (6). Outras 274 pessoas permanecem desaparecidas, segundo balanço oficial.

Comunidades isoladas buscam ajuda em Aceh Tamiang

No distrito de Aceh Tamiang, costa nordeste de Sumatra, moradores de áreas rurais precisaram caminhar por cerca de uma hora sobre troncos escorregadios e veículos capotados para alcançar um centro improvisado de assistência. O trajeto foi a única alternativa após vias convencionais ficarem intransitáveis devido à lama e aos entulhos arrastados pela água.

Voluntários instalaram o posto de apoio em terreno elevado, distribuindo roupas secas e conduzindo um caminhão-tanque com água potável. O objetivo é permitir que as famílias encham garrafas plásticas, já que poços e reservatórios locais foram contaminados. Testemunhas relataram filas extensas e necessidade de racionamento, face à dificuldade de reposição do estoque.

Impacto regional e resposta das autoridades

As enchentes em Sumatra são parte de um sistema de tempestades que também afetou o sul da Tailândia e a Malásia, onde aproximadamente 200 pessoas perderam a vida. Na Indonésia, as províncias mais atingidas incluem Aceh, Sumatra do Norte e Bengkulu, áreas suscetíveis a deslizamentos devido ao relevo montanhoso e ao desmatamento em encostas.

Equipes de busca e salvamento utilizam helicópteros para lançar suprimentos nas localidades isoladas. No entanto, o mau tempo tem limitado voos e a chegada de embarcações às zonas litorâneas. O governo indonésio mobilizou militares, bombeiros e agentes de proteção civil, além de convocar voluntários para acelerar a limpeza de estradas bloqueadas por árvores caídas e barro.

Em comunicado, autoridades de gestão de desastres estimam que milhares de casas foram destruídas ou severamente danificadas. Abrigos temporários em escolas e mesquitas recebem moradores desalojados, muitos dos quais dependem de doações de alimentos prontos, cobertores e itens de higiene.

Desaparecidos e desafios nas buscas

A lista de desaparecidos inclui 274 nomes, com registros de moradores arrastados pelas correntezas ou soterrados por encostas instáveis. Operações de resgate concentram-se em áreas onde deslizamentos bloquearam rios, formando barragens naturais que aumentam o risco de novas inundações caso se rompam.

Cães farejadores e equipamentos de detecção sonora são empregados para localizar possíveis sobreviventes sob os escombros. Contudo, técnicos alertam que o solo continua saturado e sujeito a desmoronamentos secundários, o que obriga a suspender escavações sempre que chove novamente.

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Imagem: Últimas Notícias

Prevenção e próxima temporada de chuvas

A Indonésia enfrenta periodicamente eventos extremos durante a estação chuvosa, especialmente entre novembro e março. Especialistas apontam que a expansão de áreas agrícolas e madeireiras nas encostas de Sumatra reduz a capacidade de absorção do solo, aumentando a velocidade das enxurradas e a frequência de deslizamentos.

O governo local afirma que está a elaborar planos de reassentamento de populações que vivem em zonas de alto risco, além de reforçar sistemas de alerta precoce por meio de sirenes e mensagens de texto. Treinamentos comunitários sobre evacuação rápida também estão previstos para o primeiro trimestre do próximo ano.

Solidariedade internacional

Organizações humanitárias estrangeiras ofereceram tendas, kits de primeiros socorros e purificadores de água. A chegada desses itens depende da reabertura de estradas e da administração de portos e aeroportos, parcialmente sobrecarregados pelas operações de socorro.

Enquanto isso, autoridades de saúde monitoram possíveis surtos de doenças transmitidas pela água, como diarreia e leptospirose. Clínicas móveis foram posicionadas nos abrigos para vacinação e distribuição de medicamentos básicos.

Analistas climáticos alertam que as condições atmosféricas que desencadearam as chuvas intensas podem repetir-se nas próximas semanas, o que mantém o estado de alerta máximo nas províncias afetadas. A população é orientada a permanecer atenta às atualizações oficiais sobre clima e rotas de evacuação.

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