Butantan inicia distribuição de vacina única contra dengue; veja próximos grupos

O Instituto Butantan enviará as primeiras 1,3 milhão de doses da vacina de dose única contra a dengue aos serviços de Atenção Primária à Saúde até o fim de janeiro. O Ministério da Saúde reservou este lote inicial para profissionais que atuam em unidades básicas de saúde e em visitas domiciliares.

Primeira etapa foca em quem está na linha de frente

O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante visita ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, no interior paulista, na terça-feira (9). Segundo o ministro, imunizar trabalhadores da rede básica é prioridade porque eles mantêm contato direto com a população e atuam no controle de surtos.

A vacina, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro para pessoas de 12 a 59 anos, exige apenas uma aplicação. Parte das doses também será destinada aos voluntários que participaram do ensaio clínico de fase 3, cujo acompanhamento durou cinco anos e sustentou o pedido de registro.

Expansão ocorrerá conforme aumentar a produção

Depois dos profissionais de saúde, o Ministério pretende ofertar o imunizante a todos os adultos até 59 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na etapa seguinte, a cobertura deverá alcançar faixas etárias menores até chegar a adolescentes de 15 anos. A pasta não apresentou data para essas fases, que dependem do ritmo de produção no Butantan.

O instituto planeia alcançar 30 milhões de doses anuais a partir do segundo semestre de 2026, com possibilidade de expandir a capacidade conforme a demanda. Até lá, a distribuição seguirá limitada à quantidade fabricada em escala piloto.

Botucatu será laboratório para vacinação em massa

Parte das doses prontas será utilizada em Botucatu, onde o ministério testará o impacto de uma campanha em larga escala na população de 15 a 59 anos. A experiência pretende medir a efetividade da vacina na redução de casos e pode antecipar o início da aplicação ao público geral ainda no primeiro trimestre, antes do pico de transmissão.

Estudos internos indicam que atingir entre 40% e 50% de cobertura nessa faixa etária traria impacto significativo no controle da doença. A cidade já participou de iniciativa semelhante durante a pandemia de Covid-19, quando recebeu vacinação em massa contra o coronavírus.

Outros municípios com predominância do sorotipo DENV-3, principal responsável pelo aumento de casos em 2024, estão em avaliação para integrar o projeto.

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Imagem: Internet

Panorama da dengue em 2024 e outras vacinas disponíveis

O Brasil encerrou 2024 com recorde de 6,6 milhões de casos prováveis de dengue e 6.297 mortes confirmadas, número que supera a soma das vítimas registradas nos oito anos anteriores. O avanço do DENV-3 foi apontado pelo Ministério como fator central na escalada de infecções.

Além do novo imunizante nacional, a rede pública conta com a Qdenga, da farmacêutica Takeda. Administrada em duas doses, essa vacina é recomendada atualmente para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalizações.

Para garantir o abastecimento da Qdenga, o Ministério da Saúde já contratou 9 milhões de doses para 2026 e prevê outra remessa de igual volume em 2027. A estratégia poderá ser revista conforme a produção nacional da vacina de dose única evoluir, mas, por ora, ambos os imunizantes permanecerão disponíveis em paralelo.

Por que a dose única pode acelerar a imunização

O regime de aplicação única facilita a logística de vacinação e tende a aumentar a adesão da população, já que elimina a necessidade de retorno para uma segunda injeção. A expectativa da pasta é que a simplicidade operacional contribua para reduzir rapidamente a circulação do vírus, sobretudo em áreas com maior incidência.

Com a definição dos grupos prioritários e o escalonamento das entregas, o governo pretende antecipar ações preventivas antes do próximo período de maior transmissão, que ocorre historicamente entre os meses de março e maio. A eficácia da estratégia dependerá da capacidade de produção do Butantan e da adesão dos municípios às campanhas.

Até que a oferta seja ampliada, gestores estaduais e municipais continuam orientados a manter as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, incluindo eliminação de criadouros, uso de larvicidas e campanhas educativas, enquanto avançam as iniciativas de vacinação.

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