O Mercado das Indústrias Criativas do Brasil + Ibero-América (MICBR+Ibero-América) começou na quarta-feira (3) e transformou Fortaleza em ponto de encontro para profissionais da economia criativa até domingo (7). Durante cinco dias, a capital cearense abriga mais de cem atividades, entre painéis, palestras, oficinas, showcases, apresentações artísticas, cozinha-show, mentorias e formações técnicas.
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), no centro da cidade, concentra a maior parte da programação, mas outros espaços também recebem debates e apresentações. Segundo o Ministério da Cultura (MinC), responsável pela iniciativa, o evento reúne 120 compradores — 65 deles estrangeiros — e 100 vendedores selecionados por inscrição espontânea. No total, cerca de 600 pessoas participam das rodadas de negócios.
Integração ibero-americana pauta abertura
Na cerimônia de abertura, realizada na noite de terça-feira (2), a ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou a presença de delegações do Paraguai, El Salvador, Panamá e demais países da região. Para a ministra, a cooperação cultural fortalece laços históricos e cria novas oportunidades comerciais.
Menezes lembrou que o setor cultural poderá ampliar ainda mais seu alcance com o acordo Mercosul-União Europeia, cuja assinatura pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva está prevista para 20 de dezembro. “Será uma janela de oportunidades para levar a voz e as soluções do sul global ao mundo”, afirmou.
Durante o discurso, a ministra antecipou que apresentará, em 11 de dezembro, em São Paulo, pesquisa inédita da Fundação Getulio Vargas sobre o impacto da Lei Rouanet. O estudo pretende medir a dimensão econômica da principal política de incentivo cultural do país, em vigor há 33 anos.
Rodadas de negócios movimentam o setor
O MICBR+Ibero-América foi concebido para aproximar produtores culturais de potenciais compradores, investidores e instituições públicas. As rodadas reúnem editoras, produtoras de audiovisual, companhias de artes cênicas, empresas de tecnologia e gestores de espaços culturais.
A programação inclui painéis sobre narrativas, criatividade, sustentabilidade, convergência midiática, impacto social das artes e transformações tecnológicas. Oficinas práticas orientam participantes sobre modelos de circulação de obras, estratégias de monetização e uso de ferramentas digitais.
Além dos encontros de negócios, a cidade recebe showcases de música, dança e teatro, permitindo que grupos independentes apresentem portfólios a curadores nacionais e estrangeiros. A expectativa da organização é gerar contratos e parcerias que se estendam após o encerramento do evento.
Games e criadores digitais ganham espaço
Antes da abertura oficial, a ministra e integrantes do MinC se reuniram com influenciadores e jornalistas para discutir ações voltadas ao ambiente digital. Entre os temas tratados estiveram a regulamentação da profissão de criador de conteúdo, direitos autorais em plataformas de vídeo e a participação feminina no setor de jogos eletrônicos.
Imagem: Últimas Notícias
O secretário executivo do MinC, Márcio Tavares, informou que o segmento de games exporta US$ 120 milhões por ano e, pela primeira vez, possui área específica dentro da pasta, abrigada na Secretaria do Audiovisual. A inclusão da indústria de jogos nos mecanismos da Lei Rouanet e novos programas de capacitação foram citados como avanços recentes.
A secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, destacou que o Brasil é um dos maiores consumidores de jogos, mas ainda necessita ampliar a produção local. Segundo ela, políticas voltadas à economia criativa devem integrar música, literatura e design para que desenvolvedores contem “histórias brasileiras ao mundo”.
Também foram anunciados acordos de colaboração com a França, voltados ao fortalecimento da cadeia do audiovisual, e com Singapura e Nigéria, com foco em abertura de mercados para produtos culturais brasileiros.
Colaboração entre governos fortalece políticas culturais
A secretária de Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa, ressaltou a importância de alinhar iniciativas municipais, estaduais e federais para ampliar o acesso de artistas e produtores a recursos públicos. Ela vê o MICBR como exemplo de ação conjunta que pode ser replicada em outras regiões.
O evento conta ainda com servidores do MinC oferecendo consultorias sobre editais, mecanismos de fomento e elaboração de projetos. A expectativa oficial é que a edição cearense ajude a consolidar o MICBR como principal mercado cultural do país e referência para a América Latina.
Com programação distribuída por diversos bairros, o MICBR+Ibero-América pretende alcançar públicos variados e estimular a economia local por meio do turismo cultural. Restaurantes, hotéis e serviços de transporte são diretamente beneficiados pelo fluxo de visitantes nacionais e internacionais.
Até domingo, Fortaleza segue recebendo apresentações artísticas e debates sobre o futuro das indústrias criativas. Ao término do encontro, o Ministério da Cultura deve apresentar um balanço com o volume de negócios gerados e anunciar a próxima cidade-sede.
