O Google anunciou um pacote de ações para fortalecer a pesquisa em tecnologia no Brasil, com destaque para a criação da Cátedra de IA Responsável em parceria com o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). A empresa também expandiu o programa internacional Google PhD Fellowship, que passa a contemplar pós-graduandos de instituições brasileiras.
Nova cátedra foca em ética, políticas públicas e segurança
A cátedra será liderada pelo sociólogo e economista Carlos Américo Pacheco e terá duração inicial de três anos. O projeto prevê bolsas para estudantes de diferentes áreas, incluindo engenharia, ciência da computação, direito, sociologia e artes. Segundo o coordenador académico, o sociólogo Glauco Arbix, o objetivo é estruturar um laboratório dedicado a pesquisas sobre políticas públicas, implicações éticas e impactos socioeconómicos da inteligência artificial.
Em comunicado, Pacheco afirmou que o grupo de pesquisa irá analisar formas de reduzir riscos associados à tecnologia, como ameaças de cibersegurança, efeitos sobre o mercado de trabalho e viés em algoritmos sem supervisão humana. As atividades envolverão produção de estudos, workshops e divulgação de resultados a organismos governamentais e à sociedade civil.
Programa PhD Fellowship passa a incluir oito pesquisadores no país
Paralelamente, o Google ampliou o alcance do Google PhD Fellowship, iniciativa que apoia doutorandos em todo o mundo. Com a atualização, oito pesquisadores de seis universidades brasileiras passam a receber o benefício. Globalmente, o programa abrange 255 estudantes, que contam com investimento total de US$ 10 milhões provenientes do braço filantrópico da empresa.
Na América Latina, cada selecionado pode obter até US$ 15 mil por ano para custear atividades de pesquisa e deslocamentos. O suporte financeiro é concedido por até dois anos, acompanhado de mentoria de profissionais do Google. A empresa não divulgou a lista das universidades brasileiras contempladas nesta rodada.
Parcerias estratégicas com USP e Embraer
O anúncio reforça a presença do Google no ecossistema académico paulista. Em 2026, a companhia pretende inaugurar um centro de engenharia na Cidade Universitária, dentro do programa IPT Open, que permite a ocupação de um edifício histórico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas por um período de dez anos. Em contrapartida, a empresa oferecerá investimentos financeiros e ações de apoio à pesquisa local.
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Além da colaboração com a USP, o Google assinou um memorando de entendimento com a Embraer para avaliar aplicações futuras de inteligência artificial na indústria aeronáutica. As companhias afirmaram que, neste momento, estão a mapear oportunidades conjuntas e não deram detalhes sobre prazos ou projetos específicos.
Relevância para o cenário nacional de pesquisa
As iniciativas apresentadas ampliam recursos para investigadores brasileiros numa área considerada estratégica. O foco em IA responsável procura alinhar desenvolvimento tecnológico a critérios de segurança, transparência e inclusão, temas cada vez mais presentes na agenda internacional. Já o apoio direto a pós-graduandos pode contribuir para aumentar a produção científica e estimular a permanência de talentos no país.
A USP, reconhecida pela liderança em rankings académicos latino-americanos, passa a contar com mais um núcleo dedicado a inteligência artificial, complementando centros já existentes em ciências de dados e computação. Para o Google, a aproximação com universidades e empresas nacionais reforça a estratégia de investir em mercados emergentes e formar especialistas capacitados a trabalhar com grandes volumes de dados e modelos avançados.
Com a cátedra, o programa de bolsas e as novas parcerias, pesquisadores brasileiros terão acesso a financiamento, infraestrutura e redes internacionais de colaboração. As medidas devem começar a vigorar ainda este ano, conforme os editais de seleção sejam publicados pelas instituições responsáveis.





