A Prefeitura de Mauá, na Região Metropolitana de São Paulo, confirmou nesta sexta-feira (5) o primeiro caso de intoxicação por metanol no município. A vítima, um homem de 47 anos, relatou ter ingerido licor em dois bares locais entre 21 e 22 de novembro. O episódio reforça o cenário de preocupação no Estado, que contabiliza dez mortes e 49 ocorrências confirmadas relacionadas a bebidas adulteradas.
Paciente permanece na UTI e faz hemodiálise
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente procurou atendimento no Hospital Nardini no dia 23 de novembro após apresentar cefaleia intensa, cansaço, visão turva e confusão mental. A equipe médica internou o homem imediatamente. Com a piora do quadro, ele foi intubado e transferido para a Unidade de Terapia Intensiva, onde permanece.
Desde 26 de novembro, o internado realiza sessões regulares de hemodiálise. Um exame de urina encaminhado pela Vigilância Epidemiológica confirmou a presença de metanol, substância tóxica que, quando ingerida, pode provocar insuficiência renal, cegueira e morte.
Série de casos expõe crise sanitária no Estado
O episódio em Mauá ocorre no contexto de uma crise sanitária envolvendo bebidas alcoólicas adulteradas em São Paulo. De acordo com o boletim epidemiológico mais recente, o Estado soma dez óbitos e 49 casos confirmados de intoxicação por metanol. Outras 516 suspeitas foram descartadas e três continuam em investigação.
Há ainda cinco mortes sob análise nas cidades de Guariba, São Vicente, São José dos Campos e Cajamar. A vítima mais recente confirmada é Felipe Henrique Alves da Silva, de 26 anos, que morreu em Sorocaba em 16 de agosto; laudo divulgado no fim de novembro associou o óbito à ingestão de metanol combinada ao uso de cocaína.
Entre os óbitos já atestados, quatro ocorreram na capital paulista — homens de 26, 45, 48 e 54 anos. Também foram registradas mortes em São Bernardo do Campo (mulher de 30 anos), Osasco (dois homens de 23 e 25 anos e uma mulher de 27) e Jundiaí (homem de 37 anos).
Alcance nacional preocupa autoridades de saúde
Dados do Ministério da Saúde, atualizados em 29 de outubro, indicam 59 casos confirmados de intoxicação por metanol no país e outros 44 sob investigação. Além de São Paulo, há registros em Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
O metanol não é destinado ao consumo humano. Utilizado como solvente industrial, ele ganha espaço em bebidas clandestinas devido ao custo mais baixo em comparação ao etanol. Mesmo pequenas quantidades podem causar graves lesões neurológicas, falência orgânica e morte, conforme alerta a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Imagem: Internet
Fiscalização e orientações ao consumidor
A Prefeitura de Mauá informou ter intensificado as inspeções em estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas. A Vigilância Sanitária local recolheu amostras dos licores consumidos pela vítima para análise laboratorial. Os dois bares citados no relato do paciente foram interditados temporariamente.
O Centro de Vigilância Sanitária do Estado recomenda que os consumidores verifiquem origem, rótulo, lacre e número de registro das bebidas antes da compra. Qualquer alteração de cor, odor ou sabor deve ser considerada sinal de risco. Em caso de suspeita de intoxicação, a orientação é procurar assistência médica imediata.
Riscos e sintomas de intoxicação
A ingestão de metanol pode provocar sintomas em poucas horas. Entre os sinais mais comuns estão dor de cabeça, tontura, visão embaçada, náuseas, vômitos, fraqueza e confusão mental. Sem tratamento rápido, o quadro evolui para insuficiência respiratória, lesão renal e cegueira irreversível. O tratamento inclui antídotos específicos e hemodiálise para remover o tóxico do organismo.
Profissionais de saúde destacam que o atendimento ágil eleva as chances de recuperação. No entanto, a evolução clínica depende da quantidade ingerida, do tempo decorrido até a procura por ajuda e das condições de cada paciente.
Investigações em andamento
O Governo de São Paulo mantém força-tarefa formada por Polícia Civil, Procon, Vigilância Sanitária e Instituto de Criminalística para rastrear a cadeia de distribuição das bebidas adulteradas. A meta é identificar fabricantes clandestinos, interromper a circulação dos produtos e responsabilizar os envolvidos.
Enquanto as investigações prosseguem, autoridades reforçam a necessidade de evitar o consumo de bebidas de procedência duvidosa. Denúncias podem ser feitas de forma anónima pelo telefone 181 ou pelo aplicativo do Disque Denúncia.






