Meta adquire Limitless e leva tecnologia de pingente de IA para futuros wearables

A Meta comprou a startup Limitless, conhecida por desenvolver um dispositivo vestível que grava conversas do dia a dia e gera transcrições pesquisáveis por meio de inteligência artificial. O valor do negócio não foi divulgado, mas a empresa de Mark Zuckerberg pretende usar o know-how da nova subsidiária para impulsionar a próxima geração de wearables com recursos de IA.

O que muda para a Limitless e para os utilizadores

Com a conclusão do acordo, a Limitless deixará de comercializar o seu pingente a novos clientes. Quem já possui o aparelho terá de aceitar novos termos de privacidade para continuar a utilizar o serviço de gravação e resumo automático. A alteração ocorrerá porque os dados passarão a ser tratados de acordo com as políticas da Meta, alinhadas aos projetos de dispositivos inteligentes que a companhia mantém em desenvolvimento.

O dispositivo criado pela Limitless, originalmente chamado Rewind, prende-se à camisa ou a um colar e capta o áudio ambiente ao longo do dia. Graças a algoritmos de inteligência artificial, o acessório transforma a fala gravada em texto, organiza as informações num histórico pesquisável e gera resumos acessíveis por meio de uma aplicação móvel. A solução posiciona-se num segmento emergente de assistentes de IA pensados para auxiliar na gestão de memória e no registo automático de interações.

Integração com a estratégia da Meta em óculos inteligentes

A Meta investe há vários anos em realidade aumentada, realidade virtual e dispositivos vestíveis. Atualmente, a empresa mantém colaboração com a EssilorLuxottica, dona das marcas Ray-Ban e Oakley, para fabricar óculos “inteligentes” equipados com câmaras, microfones e, mais recentemente, funcionalidades de IA generativa. A aquisição da Limitless reforça essa estratégia ao acrescentar uma equipa especializada em captação de áudio e processamento de linguagem natural diretamente em hardware portátil.

Embora a Meta ainda não tenha detalhado como integrará a tecnologia do pingente aos seus produtos, a expectativa é que funcionalidades semelhantes apareçam em versões futuras dos óculos Ray-Ban Meta ou em novos formatos de dispositivos corporais. A capacidade de transcrever conversas em tempo real, criar resumos contextuais e permitir pesquisa instantânea pode ampliar a utilidade dos wearables além de fotografia, chamadas ou reprodução de música, adicionando recursos voltados à produtividade e à memória pessoal.

Trajetória e financiamento da Limitless

Fundada sob o nome Rewind, a Limitless acumulou mais de 33 milhões de dólares em rondas de investimento. Entre os financiadores estão Sam Altman, diretor executivo da OpenAI, e a firma de capital de risco Andreessen Horowitz (A16z). O interesse de investidores de peso reflete a aposta num mercado que combina inteligência artificial, privacidade diferenciada e soluções para gestão de dados pessoais.

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Imagem: Tecnologia & Inovação

Antes da compra pela Meta, a empresa concentrava-se em aprimorar a qualidade da captação de áudio, reduzir o consumo de energia do dispositivo e otimizar os modelos de processamento de linguagem para execução local. A integração desses avanços pode acelerar o cronograma da Meta para lançar wearables que funcionem de forma mais autónoma, reduzindo a dependência de servidores na nuvem e reforçando a proteção de dados sensíveis.

Implicações para o segmento de assistentes de IA pessoais

A competição por acessórios de IA focados em produtividade cresce com lançamentos como o Ai Pin, da Humane, e o Rabbit R1, apresentado na CES 2024. A entrada da Meta nesse nicho, agora reforçada pela Limitless, eleva a pressão sobre empresas que procuram oferecer funcionalidades semelhantes, como captura contínua de contexto e recuperação de informações por voz.

Especialistas do setor apontam que a consolidação de startups inovadoras por grandes tecnológicas pode acelerar a adoção de recursos de IA em massa, mas também levanta questões sobre interoperabilidade e concentração de dados. Para a Meta, o histórico de controvérsias ligadas a privacidade significa que a integração dos serviços da Limitless exigirá clareza sobre armazenamento, processamento local e consentimento do utilizador.

Até ao momento, a companhia não revelou cronograma para o lançamento de novos produtos com a tecnologia adquirida. No entanto, o movimento confirma a intenção de transformar óculos e outros acessórios discretos em plataformas completas de inteligência artificial, capazes de gravar, compreender e auxiliar o utilizador durante todo o dia.

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