Netflix lança oferta de US$72 milhões* pela Warner Bros. Discovery e acende alerta antitruste

Tecnologia e Inovação

A Netflix anunciou uma proposta de US$ 72 bilhões para adquirir os estúdios e a divisão de streaming da Warner Bros. Discovery, movimento que pode redesenhar o mercado global de entretenimento e streaming. A transação envolve a integração do catálogo da HBO Max e dos estúdios Warner Bros. ao serviço líder em streaming, que já contabiliza mais de 300 milhões de assinantes.

Objetivo: expandir catálogo e base de utilizadores

De acordo com executivos da Netflix, a operação pretende oferecer “mais retorno” aos assinantes ao reunir os conteúdos das duas companhias numa única plataforma. A incorporação dos 128 milhões de assinantes da HBO Max criaria um conglomerado que ultrapassaria os 400 milhões de utilizadores, reforçando a posição da Netflix como principal destino para filmes e séries sob demanda.

A empresa argumenta que o acordo responde às exigências de inovação defendidas pelas autoridades de concorrência nos Estados Unidos. A estratégia inclui ampliar o investimento em produções originais e disponibilizar o portfólio histórico da Warner Bros., composto por franquias de sucesso e produções reconhecidas pela crítica.

Resistência no Congresso dos EUA

Antes mesmo do anúncio oficial, parlamentares republicanos manifestaram preocupação com a possível concentração de mercado. O senador Mike Lee, presidente do subcomité antitruste do Senado, classificou a proposta como um sinal de alerta para reguladores em todo o mundo, argumentando que a consolidação reduziria opções para consumidores e criadores de conteúdo.

Outros legisladores, como o senador Roger Marshall e o deputado Darrell Issa, solicitaram avaliação rigorosa do Departamento de Justiça (DoJ). Ambos afirmam que a redução de concorrência pode levar a Netflix a diminuir o número de lançamentos nos cinemas, afetando a diversidade de oferta cultural.

Análise regulatória deve ser extensa

O montante envolvido e o impacto sobre a estrutura de mercado colocam o negócio na mira da divisão antitruste do DoJ, atualmente liderada por Gail Slater. Ex-executiva da Fox e da Roku, Slater defende o uso da legislação antitruste para proteger consumidores, trabalhadores e inovação. Analistas esperam uma investigação prolongada, considerando o histórico recente de escrutínio em fusões de mídia.

A Netflix tenta minimizar as críticas ao citar mudanças de hábito do público, lembrando que plataformas como o YouTube já lideram o consumo de vídeo nos Estados Unidos. Em entrevista, o CEO Ted Sarandos descreveu a operação como “pró-consumidor, pró-inovação e pró-criador”, acrescentando que a empresa está “muito confiante” na aprovação.

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Imagem: Internet

Contexto político e precedentes

O governo norte-americano possui histórico de intervenção em grandes fusões de mídia. Em 2017, a administração Trump se posicionou contra a aquisição da Time Warner pela AT&T, negócio de US$ 85 bilhões que acabou autorizado judicialmente em 2018 e 2019. Observadores apontam que o debate em torno da Netflix pode seguir roteiro semelhante, com disputas legais prolongadas e envolvimento direto de autoridades federais.

A oferta da Netflix supera propostas apresentadas por outros grupos, como a Paramount Skydance, que mantém ligações próximas à administração Trump. Apesar do valor mais elevado, a empresa de streaming reconhece que enfrenta desvantagens políticas num cenário em que a concentração de conteúdo e poder de mercado se tornou tema sensível em Washington.

Próximos passos

O Departamento de Justiça dará início ao processo de revisão assim que receber a documentação oficial. Especialistas estimam que a análise incluirá audiências públicas, recolha de depoimentos de concorrentes e avaliação de impactos sobre preços, inovação e liberdade de escolha dos consumidores.

Se aprovada, a fusão poderá redefinir as fronteiras entre produção cinematográfica, distribuição digital e exibição em salas de cinema. Caso seja rejeitada, reforçará a postura intervencionista dos reguladores norte-americanos em relação às grandes plataformas de tecnologia e entretenimento.

Até lá, a Netflix continuará a defender que a operação oferece benefícios tangíveis para o público, enquanto opositores sustentam que a consolidação pode marcar o fim da chamada “era de ouro” do streaming, caracterizada pela multiplicidade de serviços e intensa competição por conteúdo original.

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