Responsável por manter o abastecimento de gás liquefeito de petróleo (GLP) durante o período de seca na Amazônia, a operação Codajás atingiu 30 anos de atividade neste mês de dezembro. Coordenada pela Petrobras em colaboração com a Transpetro, a ação garante que o gás de cozinha continue a chegar aos estados da Região Norte e sustenta a produção de petróleo e gás natural em Urucu, no município de Coari (AM).
Três décadas de logística na Amazônia
Desde 1995, a operação mobiliza navios, balsas e técnicos para atravessar trechos críticos dos rios Solimões e Amazonas, onde a redução do nível das águas costuma dificultar a navegação entre agosto e novembro. Em 2024, ano marcado pela maior seca amazônica em 74 anos, o esquema transportou mais de 16 mil toneladas de GLP em 21 viagens, utilizando cinco navios gaseiros dedicados exclusivamente à região.
Entre setembro e outubro deste ano, o sistema escoou mais de 60 mil toneladas de GLP e 129 mil metros cúbicos de petróleo a partir do Terminal Solimões, em Coari. Esse fluxo evitou desabastecimento de gás de cozinha nas capitais e municípios interiores e manteve a produção de óleo e gás na província de Urucu em plena operação.
Monitoramento diário dos rios
Um comité técnico formado por Petrobras, Transpetro e Marinha do Brasil acompanha diariamente os níveis hidrométricos em Iquitos (Peru), Manaus e Coari. As medições orientam ajustes de rota, escolha de embarcações e definição de janelas de passagem nos pontos mais rasos. Em outubro, equipes realizaram sondagens detalhadas no Rio Solimões, entre Codajás e Coari, e na Enseada do Rio Madeira, identificando áreas que exigiam maior cautela.
Para atravessar trechos de baixa profundidade, a operação recorre a navios de calado reduzido e utiliza sistemas de batimetria para mapear o fundo dos rios em tempo real. Em 2025, quatro navios selecionados já estão comprometidos com a campanha, dois dos quais — Jorge Amado e Gilberto Freyre — operados diretamente pela Transpetro. Graças à manutenção das condições de navegabilidade, todas as cargas desembarcaram em Manaus sem necessidade de transbordo intermediário em Codajás ou Itacoatiara.
Segurança energética para o Amazonas
Além do GLP destinado ao consumo doméstico, a logística abrange o transporte de óleo e gás natural utilizados em termelétricas responsáveis por mais de metade da eletricidade do estado do Amazonas. A continuidade desse fornecimento é considerada estratégica para a capital, Manaus, atualmente a sétima cidade mais populosa do Brasil.
Imagem: Ultimas Notícias
Segundo a Petrobras, a integração entre monitoramento hidrológico, planejamento logístico e uso de embarcações especializadas permitiu manter níveis adequados de estoque e cumprir todos os contratos de GLP mesmo nos períodos mais críticos de seca. A estatal destaca que, ao longo de 30 anos, o modelo de operação vem sendo atualizado com novas tecnologias de navegação, comunicação e previsão climática.
Adaptação contínua
O diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, Jones Soares, afirma que a experiência acumulada possibilita respostas rápidas às variações da vazante. De acordo com o executivo, mesmo nos anos em que a estiagem é menos severa, a empresa mantém planejamento preventivo, frotas de apoio e equipas de prontidão para assegurar a chegada do GLP sem interrupções.
Com a tendência de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes na Amazônia, a Petrobras e a Transpetro indicam que continuarão a investir em sondagens batimétricas, adaptação de navios e monitoramento em tempo real. O objetivo é garantir a regularidade do abastecimento e preservar a segurança energética da Região Norte nas próximas décadas.






