Polícia Federal deflagra operações contra vazamento de fotos íntimas e apologia ao nazismo

A Polícia Federal realizou, na manhã desta quinta-feira (4), duas ações simultâneas que visam combater crimes distintos, mas com repercussão digital. A Operação Poditor investiga a produção, o armazenamento e a distribuição ilegal de imagens íntimas de mulheres, além de evidências de abuso sexual infantojuvenil. Já a Operação Valquíria apura ameaças enviadas a universidades federais e mensagens de exaltação ao nazismo.

Operação Poditor: material íntimo exposto em plataformas de pornografia

Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão contra um suspeito apontado como responsável por coletar fotos e vídeos de parceiras virtuais sem autorização. Segundo a corporação, o investigado mantinha relacionamentos on-line, obtinha o conteúdo com a confiança das vítimas e, posteriormente, encaminhava os ficheiros para sites internacionais de pornografia adulta, sem ocultar a identidade das mulheres.

As imagens teriam sido obtidas em São Paulo, Rio de Janeiro e em outros países. As vítimas, acreditando estar em ambiente seguro e reservado, enviavam o material de forma privada. O nome do suspeito não foi divulgado, mas a PF recolheu dispositivos eletrónicos, mídias externas e outros itens que podem comprovar a prática dos crimes.

De acordo com a legislação brasileira, o compartilhamento não autorizado de conteúdo íntimo configura violação de intimidade e pode resultar em pena de reclusão. Além disso, a investigação inclui indícios de abuso sexual infantojuvenil, circunstância que agrava a punição prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Operação Valquíria: e-mails ameaçadores e propaganda nazista

Paralelamente, a PF iniciou a Operação Valquíria para rastrear o responsável por enviar e-mails com ameaças a instituições federais de ensino superior e conteúdos de apologia ao nazismo. As diligências principais ocorreram na Bahia, com apoio de equipes em Belo Horizonte (MG).

Os investigadores identificaram um suspeito após rastrear a origem das mensagens eletrónicas. As ameaças, segundo a Polícia Federal, citavam possíveis ataques a universidades e exaltavam símbolos nazistas, o que configura crime previsto na Lei de Segurança Nacional e na legislação que pune a promoção de ideologias extremistas.

Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos computadores, smartphones e documentos físicos que podem ligar o investigado às mensagens enviadas. O material passará por perícia para confirmar autoria, verificar eventuais colaboradores e mapear a extensão das ameaças.

Dinâmica das operações e próximos passos

As duas ações foram planejadas com sigilo e executadas de forma simultânea para evitar fuga de informação e destruição de provas. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal a partir de representações da PF, que reuniu indícios suficientes para fundamentar as medidas.

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Imagem: Últimas Notícias

Todo o material recolhido será submetido a análise pericial. No caso da Operação Poditor, o foco é identificar a origem, o percurso e os destinatários das imagens íntimas, bem como eventuais lucros obtidos com a distribuição em sites pornográficos. Na Operação Valquíria, os peritos procuram dados de login, registros de acesso e conversas que confirmem o envio das ameaças.

Os investigadores não descartam a possibilidade de novas apreensões ou de prisão dos suspeitos, caso sejam comprovadas as práticas delitivas. As vítimas já começaram a ser ouvidas para detalhar como as imagens foram obtidas e se houve coação ou fraude. As universidades federais envolvidas também fornecem informações sobre os e-mails recebidos, horários, endereços IP e conteúdos anexos.

Enquadramento legal e consequências

Divulgar material íntimo sem consentimento pode levar a pena de reclusão de um a cinco anos, conforme o artigo 218-C do Código Penal, aumentada caso o ato cause prejuízo à vítima ou envolva menores. A apologia ao nazismo e a incitação de crimes por meio digital se enquadram na Lei nº 7.716/1989, que prevê sanções de até três anos de reclusão, além das penalidades por ameaça e terrorismo.

A PF reforça que a coleta e o compartilhamento de provas digitais exigem especial cuidado para garantir a integridade dos dados e a cadeia de custódia. Por essa razão, os dispositivos apreendidos seguem lacrados para exame pericial em laboratórios oficiais.

Embora as investigações estejam em curso, a corporação orienta possíveis vítimas de vazamento de conteúdo íntimo ou de ameaças extremistas a procurarem imediatamente as autoridades, preservando mensagens, imagens e informações que possam auxiliar na identificação de envolvidos.

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