Mulheres de diversas cidades brasileiras organizam manifestações neste domingo, 7 de julho, para denunciar o avanço dos casos de feminicídio e exigir respostas das autoridades. Os atos, convocados por coletivos, movimentos sociais e organizações feministas, pretendem romper o silêncio sobre a violência de gênero e reforçar a demanda por segurança, respeito e garantia de direitos.
Mobilização simultânea em várias capitais
Os protestos ocorrem em capitais e grandes centros urbanos ao longo do dia. Em São Paulo, a concentração está marcada para as 14h no vão do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Em Curitiba, o ato começa às 10h na Praça João Cândido, conhecida pelo Largo da Ordem. Campo Grande reúne manifestantes às 13h (horário local) na Avenida Afonso Pena, em frente ao Aquário do Pantanal.
Em Manaus, a mobilização inicia às 17h no Largo São Sebastião. No Rio de Janeiro, o ponto de encontro é o Posto 5 de Copacabana, a partir das 12h. Belo Horizonte terá ato às 11h na Praça Raul Soares; Brasília, às 10h na Feira da Torre de TV; São Luís, às 9h na Praça da Igreja do Carmo; e Teresina, às 17h na Praça Pedro II.
O lema escolhido pelas organizadoras — “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas” — sintetiza a principal exigência: interromper a escalada de crimes contra mulheres e assegurar que os responsáveis sejam punidos.
Crimes recentes impulsionam atos
A convocação ganhou força após uma série de feminicídios de grande repercussão. Na sexta-feira, 5 de julho, o corpo carbonizado da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, foi encontrado em Brasília. O soldado Kelvin Barros da Silva, 21 anos, confessou o homicídio e permanece preso no Batalhão da Polícia do Exército. A investigação enquadra o caso como feminicídio.
No fim de junho, Tainara Souza Santos sofreu amputações nas pernas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro em São Paulo. O motorista, Douglas Alves da Silva, foi detido e responde por tentativa de feminicídio. Na mesma semana, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) foram mortas a tiros por um colega que se suicidou em seguida.
De acordo com o Mapa Nacional da Violência de Gênero, aproximadamente 3,7 milhões de mulheres no país passaram por algum episódio de violência doméstica nos 12 meses anteriores ao levantamento. Os dados oficiais indicam 1.459 vítimas de feminicídio em 2024, o que equivale a uma média de quatro assassinatos por dia nesse contexto. Em 2025, o Ministério das Mulheres já contabiliza mais de 1.180 feminicídios e perto de 3.000 atendimentos diários pelo Ligue 180, canal federal de denúncias.
Exigências e pautas apresentadas
Durante os atos, as manifestantes pretendem cobrar a aplicação integral da Lei Maria da Penha, a ampliação das casas de acolhimento e o fortalecimento das delegacias especializadas de atendimento à mulher. Entre as reivindicações também está a destinação de mais recursos para políticas de prevenção, educação e combate à violência de gênero.
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Outro ponto central é a responsabilização efetiva dos agressores. Organizações envolvidas nas marchas defendem celeridade nos processos judiciais e maior rigor no cumprimento das medidas protetivas. Em nota à imprensa, coletivos afirmam que a impunidade alimenta novos crimes e aprofunda o clima de insegurança.
Pronunciamento do governo federal
No início da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou um “grande movimento nacional” contra a violência de gênero. Em discurso, o chefe do Executivo ressaltou que homens precisam assumir compromisso ativo para mudar a cultura que sustenta o feminicídio. O Ministério das Mulheres reforçou o apelo e destacou ações em andamento, como campanhas de conscientização e expansão da rede de apoio às vítimas.
Apesar das iniciativas anunciadas, entidades que atuam na defesa dos direitos das mulheres alertam para a necessidade de articular esforços entre União, estados e municípios. A avaliação é que a falta de integração reduz a efetividade das políticas e cria lacunas no atendimento às vítimas.
Números evidenciam urgência
Estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que o feminicídio representa a forma mais extrema de violência de gênero, mas não a única. A cada hora, diversas mulheres sofrem agressões físicas, psicológicas ou patrimoniais em todo o território nacional. Especialistas afirmam que atacar o problema exige ações simultâneas de prevenção, acolhimento e punição.
Os protestos deste domingo se inserem nesse cenário ao buscar visibilidade para a questão e pressionar o poder público por medidas concretas. A expectativa das organizadoras é transformar a mobilização pontual em agenda permanente, com novos atos previstos caso a resposta das autoridades seja considerada insuficiente.






