A confirmação de que o modelo Qwen superou ChatGPT e Gemini motivou uma série de debates no Brasil sobre regulação, custos de treinamento e direitos autorais na inteligência artificial (IA). As conversas ocorreram em diferentes entrevistas publicadas em 9 de dezembro de 2025, dia em que especialistas avaliaram os possíveis reflexos do avanço tecnológico no país.
Avanço de Qwen e o “novo momento DeepSeek”
O desempenho de Qwen foi comparado por analistas ao chamado “momento DeepSeek”, em referência a outro marco de inovação que obrigou empresas a reverem estratégias. A superação dos sistemas ChatGPT e Gemini colocou o novo modelo entre as soluções mais potentes do mercado, abrindo espaço para questionamentos sobre a próxima fase de investimento e desenvolvimento de IA no Brasil.
Durante uma entrevista de 19 minutos, pesquisadores citaram a necessidade de infraestrutura adequada para manter a competitividade local. O principal ponto levantado foi “quem paga para robô ser treinado no Brasil”, assunto que permanece sem consenso entre desenvolvedores, universidades e setor público.
Regulação pode limitar crescimento econômico, alerta especialista
Em participação de 54 minutos, um especialista afirmou que o Brasil pode tornar-se o país mais restritivo do mundo em treinamento de IA, hipótese que, segundo ele, traria impacto direto no Produto Interno Bruto. O entrevistado previu queda no PIB caso as regras avancem em direção a controles considerados excessivos.
O argumento principal é que barreiras rígidas encarecem o acesso a dados e hardware, fatores essenciais para modelos de larga escala. O cenário, se confirmado, diminuiria a atratividade de investimentos internacionais, afetando desde empresas de tecnologia até cadeias de produção que dependem de automação inteligente.
Direitos autorais e inovação: equilíbrio defendido por especialistas
A advogada Luca Schirru assegurou que “não precisamos escolher entre inovar e proteger direitos autorais”. Em conversa de 20 minutos, ela explicou que legislações podem ser formuladas para garantir remuneração a titulares de obras usadas no treinamento de IA sem inibir pesquisa e desenvolvimento.
Para Schirru, a adoção de mecanismos de rastreio de conteúdo e acordos de licenciamento tende a reduzir conflitos judiciais. Segundo a especialista, a clareza regulatória fortalece o ecossistema nacional, pois estabelece parâmetros transparentes para empresas e criadores.
Imagem: Tecnologia e Inovação
A artista e professora Giselle Beiguelman ofereceu outra perspectiva ao afirmar que a “grande novidade é a IA tomar decisões pelo artista”. Ela observou que o autor ainda negocia com a tecnologia durante o processo criativo, rejeitando a ideia de total autonomia das máquinas. Em depoimentos registrados entre 2 e 25 de novembro de 2025, Beiguelman abordou ainda temas como censura algorítmica, obsolescência programada e o sentimento de frustração do público quando confrontado com obras produzidas por algoritmos.
Ferramentas de vídeo e plataformas em evidência
Os testes comparativos Veo 3 x Sora 2 reforçaram o interesse do mercado por geradores de vídeo realista. Ao longo de um ensaio de 51 minutos, avaliadores exploraram a qualidade de imagem, consistência de cena e velocidade de processamento, sem divulgar vencedor definitivo. O experimento indicou que os dois sistemas permanecem próximos em desempenho, o que amplia a concorrência no segmento.
Outro tópico recorrente foi a Grokipedia, descrita como uma “Wikipédia de Elon Musk”. Especialistas caracterizaram o projeto como “bomba-relógio para o futuro da IA”, mas não detalharam riscos. A plataforma foi citada como exemplo de repositório que, ao mesmo tempo, oferece dados valiosos e levanta questões éticas sobre curadoria e viés.
Próximos passos para o Brasil
Diante da ascensão de modelos como Qwen, os participantes das entrevistas convergiram em um ponto: o Brasil necessita definir rapidamente sua estratégia de IA. De um lado, há pressões por regras rígidas para proteger dados, autores e usuários. De outro, persiste o receio de que uma legislação excessivamente restritiva retire competitividade e afaste capital estrangeiro.
A manutenção do equilíbrio entre inovação e salvaguardas legais foi apontada como prioridade para 2026, ano em que o país deverá discutir projetos de lei específicos. Até lá, empresas e instituições de pesquisa seguem acompanhando a evolução de Qwen, ChatGPT, Gemini e demais sistemas, avaliando impactos práticos na educação, na indústria e no mercado de trabalho.





