Um trabalho conjunto de investigadores brasileiros e espanhóis indica que a extração de resina das florestas de Pinus pode gerar receitas tão elevadas quanto o aproveitamento da madeira, prática predominante nesse tipo de plantação. O grupo analisou simultaneamente três serviços ecossistémicos — madeira, resina e sequestro de carbono — para calcular o retorno económico e a idade ideal de corte das árvores.
Modelo analisa três serviços florestais
A pesquisa envolveu cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), da Universidade Politécnica de Madrid e da Universidade de Santiago de Compostela. Liderados por Martin Rodriguez, os especialistas criaram um modelo de planeamento florestal que combina a produção de madeira, a geração de resina e a captura de carbono ao longo do ciclo de vida da plantação.
Na indústria, a resina do Pinus é fracionada em terebentina, solvente usado em tintas e em processos químicos, e em breu, matéria-prima de vernizes, plásticos, lubrificantes e adesivos. Mesmo assim, a atividade de resinagem costuma receber atenção secundária em comparação com a colheita de madeira destinada à fabricação de papel e celulose.
Para não interferir nos métodos já praticados, o modelo inicial considerou a extração de resina apenas nos três anos que antecedem o corte final. A equipa também avaliou cenários em que a resinagem atua como atividade complementar ou subordinada à produção de madeira.
Rentabilidade aumenta com inclusão da resina
Os cálculos mostram que a adição da resina e do crédito de carbono não altera de forma significativa a idade ótima de corte nos plantios analisados no Brasil e na Espanha. No entanto, o retorno financeiro global cresce de maneira expressiva quando esses dois serviços são incorporados ao planeamento.
De acordo com o professor Luis Balteiro, integrante do projeto, a resina deixa de ser um produto secundário e passa a ter impacto direto na margem de lucro do proprietário florestal. Em alguns cenários, a receita obtida com a resinagem iguala ou mesmo supera a gerada pela madeira.
Imagem: Tecnologia e Inovação
Os autores enfatizam que resultados ainda melhores podem ser alcançados caso exista um levantamento detalhado sobre a produção de resina em diferentes idades das árvores e sob variados regimes de manejo. Os dados atualmente disponíveis limitam-se à prática mais comum, na qual a resinagem ocorre somente nos últimos três anos do ciclo.
Próximos passos para gestão integrada
A equipa propõe ampliar as medições de rendimento de resina ao longo de todo o ciclo de rotação, permitindo modelar cenários em que a exploração se estenda por mais tempo. Tais informações podem auxiliar proprietários e gestores públicos a estabelecer planos integrados, equilibrando produção de madeira, captura de carbono e resinagem para maximizar a rentabilidade sem comprometer a sustentabilidade.
O estudo reforça a relevância de diversificar fontes de receita em plantações de Pinus, demonstrando que a resinagem, historicamente tratada como atividade acessória, possui potencial para desempenhar papel de destaque na economia florestal.





