Roubo de gravuras de Matisse e Portinari mobiliza polícia em São Paulo

Dois homens levaram treze gravuras de alto valor artístico da Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, na manhã deste domingo, 7 de dezembro de 2025. Entre as obras subtraídas estão oito peças de Henri Matisse e cinco de Cândido Portinari, que integravam a mostra “Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”.

Detalhes do crime e primeira resposta das autoridades

O furto foi confirmado pela Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa, responsável pela programação do espaço. De acordo com a pasta, os dois suspeitos entraram na biblioteca pouco após a abertura ao público, dirigiram-se diretamente ao local da exposição e retiraram as gravuras sem disparar alarmes. Funcionários perceberam a movimentação atípica nos minutos seguintes, mas os autores já haviam deixado o edifício.

A Biblioteca Mário de Andrade conta com vigilância interna e circuito de câmeras, recursos que, segundo a secretaria, estavam ativos no momento do incidente. As imagens foram recolhidas e encaminhadas ao Departamento de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio, da Polícia Civil paulista, que assumiu o caso. Peritos permaneceram no prédio durante a tarde para coletar impressões digitais, avaliar rotas de fuga e verificar possíveis fragilidades no sistema de segurança.

Obras seguradas e parceria com o MAM

A mostra reúne peças do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e publicações históricas guardadas pela biblioteca. As gravuras roubadas possuíam apólice de seguro vigente, informou a Secretaria de Cultura. O contrato cobre prejuízos financeiros, mas a prioridade é a localização e a recuperação das obras originais, avaliaram técnicos de ambos os equipamentos culturais.

Fontes ligadas à organização explicam que o transporte e a montagem das obras seguiram protocolos museológicos, incluindo a fixação em molduras com sistemas antifurto. A investigação apura se houve rompimento desses dispositivos ou se foram removidos de forma técnica, o que indicaria planejamento prévio e conhecimento especializado.

Impacto cultural e medidas preventivas

Henri Matisse, figura central do modernismo europeu, e Cândido Portinari, um dos nomes mais importantes da arte brasileira, têm obras disputadas por colecionadores e galerias internacionais. O desaparecimento de exemplares assinados pelos dois artistas é considerado relevante tanto pelo valor financeiro quanto pela importância histórica, reforçou a direção da biblioteca em nota oficial.

Após o episódio, a Biblioteca Mário de Andrade suspendeu temporariamente a exposição para revisão completa dos seus protocolos de segurança. A medida inclui auditoria nas rotas de acesso, checagem dos sensores de movimento e possível incremento no número de vigilantes. A retomada da mostra será anunciada somente depois da conclusão do laudo técnico da Polícia Científica.

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Imagem: Internet

Colaboração com outros órgãos e apelo à população

Além da Polícia Civil, a Secretaria de Cultura solicitou apoio da Interpol para a emissão de alerta internacional sobre as gravuras. Leiloeiras, galerias e casas de arte foram notificadas para bloquear qualquer tentativa de venda. O MAM São Paulo colocou à disposição catálogos, fotografias de alta resolução e laudos de autenticidade para facilitar o reconhecimento das peças em eventuais inspeções.

As autoridades pedem que galeristas, colecionadores e o público em geral comuniquem imediatamente qualquer informação que leve ao paradeiro das obras. Denúncias podem ser encaminhadas ao Disque-Denúncia (181) ou diretamente à delegacia especializada.

Contexto de segurança em museus e bibliotecas

O furto ocorre num momento em que instituições culturais brasileiras revisam procedimentos de guarda após incidentes semelhantes nos últimos anos. Em 2023, pinturas de Di Cavalcanti foram subtraídas de uma galeria no Rio de Janeiro, e, em 2024, manuscritos raros desapareceram de um arquivo histórico em Minas Gerais. Especialistas reforçam que itens de médio porte, como gravuras e desenhos em papel, apresentam maior facilidade de transporte e ocultação, tornando-se alvos recorrentes de quadrilhas especializadas.

Para mitigar riscos, museólogos recomendam registros fotográficos detalhados, identificação individual por RFID e integração com bancos de dados internacionais. A Biblioteca Mário de Andrade já possuía parte dessas ferramentas, mas avalia ampliar o monitoramento em tempo real e a atuação de equipes de segurança durante todo o horário de funcionamento.

Enquanto prosseguem as buscas, o museu e a biblioteca mantêm contato permanente com seguradoras e órgãos de investigação. A expectativa é de que as gravações das câmeras e eventuais testemunhos auxiliem na identificação dos suspeitos e na recuperação das 13 gravuras, consideradas patrimônio cultural de relevância para o Brasil e para o circuito artístico internacional.

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