A Twenty One Capital iniciou a negociação na Bolsa de Nova Iorque (NYSE) nesta terça-feira e encerrou o primeiro dia com recuo de 19,41%, cotada a US$ 11,49 por ação. A empresa, focada em entesouramento de criptomoedas, passou a ser listada sob o código XXI após concluir a fusão com a companhia de cheque em branco Cantor Equity Partners.
Fusão com SPAC e estrutura societária
A operação que levou a Twenty One ao mercado foi anunciada em abril, quando a companhia confirmou a combinação de negócios com a Cantor Equity, veículo de propósito específico (SPAC) patrocinado pela corretora e banco de investimento Cantor Fitzgerald. O movimento oferece à empresa uma rota alternativa de abertura de capital, prática comum entre startups que desejam acelerar o acesso a recursos no mercado acionário.
No bloco de controle, a Twenty One tem participação majoritária da emissora de stablecoins Tether e da exchange Bitfinex, enquanto o SoftBank Group mantém posição minoritária. A liderança executiva é de Jack Mallers, que destacou, em conversa com jornalistas, a estratégia dual da companhia: manter reservas significativas de bitcoin e, paralelamente, lançar linhas de produtos e serviços vinculados ao ativo digital.
Carteira de bitcoins e planos de expansão
Segundo dados divulgados pela empresa, o balanço inclui mais de 43.500 bitcoins. Considerando o preço de US$ 91.350,84 por unidade, o estoque supera US$ 3,97 mil milhões, posicionando a Twenty One como a terceira maior detentora corporativa da criptomoeda no mundo. Mallers afirmou que a companhia “continuará a adquirir o máximo de bitcoin possível” e prevê a abertura de “diversas frentes de negócio” relacionadas à moeda digital.
A estratégia de acumular criptoativos segue o modelo adotado por outras sociedades classificadas como “Digital Asset Treasuries” (DATs). Entretanto, o ambiente atual tem apresentado desafios. A cotação do bitcoin recuou mais de 28% em relação ao recorde de US$ 126.223,18 atingido em 6 de outubro, cenário que aumentou a pressão vendedora sobre empresas expostas ao mercado de criptomoedas.
Desempenho da Cantor Equity e reação do mercado
Antes da combinação de negócios, as ações da Cantor Equity Partners chegaram a valorizar 380% no ano, mas devolveram parte dos ganhos nas semanas seguintes. No acumulado de 2025, o papel ainda registra alta de 3,9%. Analistas atribuem a volatilidade às expectativas em torno do fechamento do acordo e à oscilação dos preços dos ativos digitais.
Imagem: Tecnologia & Inovação
O analista sénior da Needham, John Todaro, observa que a captação de recursos por DATs vem ficando mais difícil. De acordo com ele, as empresas do segmento precisam demonstrar “diferenciação material” para sustentar os múltiplos baseados no indicador mNAV — métrica que relaciona o valor de mercado à quantidade de criptomoedas em carteira. Sem essa diferenciação, afirma, a avaliação das companhias tende a encolher.
Contexto político e movimento corporativo
A postura favorável do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação às moedas digitais tem incentivado um número crescente de empresas de capital aberto a investir em bitcoin como forma de potencializar retornos. A Twenty One surge nesse contexto, somando-se a um grupo que inclui gestores de ativos e companhias de tecnologia dispostas a alocar parte do caixa em criptomoedas.
Apesar do desempenho negativo na estreia, a direção da Twenty One Capital mantém o foco na ampliação da base de bitcoins e na diversificação das receitas ligadas ao ecossistema cripto. O mercado acompanhará os próximos passos da empresa à medida que novas linhas de negócio forem anunciadas e que as condições no setor de ativos digitais evoluírem.
